Da Grécia Antiga ao Twitter

Por que dependemos tanto das redes sociais?

Carol Rocha
3 min readApr 16, 2024

Do ICQ ao Twitter, as redes sociais e messengers foram presentes na vida dos millenials desde o seu surgimento e das gerações seguintes desde que nasceram, trazendo oportunidades incríveis como acesso à informação e possibilidade de se conectar com pessoas de todo o mundo, mas não vieram sem um preço.

A exposição constante às redes sociais, com likes, follows e comentários, proporciona uma carga gigante de dopamina sendo constantemente liberada, como se estivéssemos sendo recompensados o tempo inteiro. Pode parecer maravilhoso viver assim, mas acostumar-se é um traço evolutivo importante e ainda presente no ser humano.

Lembro de um psicólogo que dizia que “o hedonismo leva à anedonia”. O hedonismo surgiu na Grécia Antiga como uma filosofia ética, e de forma simplificada, hoje é entendido como um modo de vida que prega a busca incessante pelo prazer.

“O que chamamos de felicidade, no sentido mais restrito, resulta antes de uma satisfação repentina de necessidades que atingiram uma alta tensão, e só é possível, por sua natureza, sob a forma de fenômeno episódico.” Freud em O mal-estar da civilização e outros textos.

Levando em conta o entendimento de diversos filósofos e psicólogos ao longo do tempo, é possível perceber que o excesso de recompensas, ou seja, de dopamina, pouco a pouco nos tira a capacidade de sentir prazer verdadeiro em pequenas situações como ver um filme muito bom ou comer um doce muito gostoso.

Junto a questões filosóficas em torno da felicidade, é comprovado que o excesso de telas pode alterar o nosso ciclo circadiano, prejudicando o sono de qualidade, além de causar ansiedade, transtornos de imagem e alimentares devido ao conteúdo que consumimos e também prejudicar a satisfação com a vida real por nos compararmos com a melhor versão que todo mundo expõe, escondendo os bastidores.

Reduzir o uso das redes e voltar a encontrar prazer na vida real é uma necessidade e não dá pra esperar a internet se tornar desinteressante para começar. É preciso buscar ativamente outras ocupações, além de adotar estratégias como desativar as notificações, bloquear aplicativos por determinados períodos ou, em alguns casos, considerar desinstalá-los do celular, mantendo apenas no computador. E também é preciso criar conexões pessoalmente, sempre que possível.

A melhora do humor, sono e concentração começa em poucos dias quando conseguimos desligar do celular. A ansiedade diminui e parece até que encontramos um pouco mais de paz dentro da nossa cabeça. É uma forma de autocuidado tão importante quanto passar uns cremes no rosto ou praticar exercícios físicos, mas ainda muito negligenciada. Vale a pena o esforço para melhorar a saúde mental e a qualidade de vida.

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